A violência doméstica continua a fazer vítimas em Luanda. Dados da Polícia Nacional indicam que, entre Janeiro e Junho deste ano, mais de 90 mulheres morreram em consequência de agressões no contexto familiar, período em que foram registados 233 casos.

 

A média mensal revela um cenário alarmante: 132 mulheres são agredidas todos os meses na capital. Os números tornam ainda mais evidente a vulnerabilidade das mulheres jovens, sobretudo adolescentes e adultas residentes em zonas periurbanas, onde factores económicos e sociais ampliam os riscos de violência.

A definição de violência baseada no género, segundo as Nações Unidas, inclui agressões físicas, psicológicas, sexuais, actos de intimidação, controlo e privação de liberdade — formas de abuso que continuam presentes no quotidiano de muitas famílias angolanas.

Entre os 16 municípios que compõem Luanda, Viana mantém-se como o mais crítico, com 412 casos registados só no primeiro semestre de 2025, de acordo com o Gabinete Provincial da Acção Social, Família e Igualdade do Género. O município lidera a estatística desde 2016, ano em que foram contabilizados 1.770 casos de violência contra a mulher.

Informações recolhidas por órgãos locais apontam Capalanga, Km-30, Regedoria e Boa-Fé como os bairros com maior incidência. No mesmo período, as autoridades confirmam 83 agressões físicas e 21 casos de violência sexual, que resultaram em várias detenções.

Os números, que continuam a aumentar, reforçam a urgência de medidas firmes e integradas para travar a violência baseada no género e proteger milhares de mulheres em Luanda.